Wednesday, May 24, 2006

O Polícia e a Arte

Polícias de Leiria são pintores 'à paisana'

Quatro agentes principais da PSP inauguraram segunda-feira no posto de turismo de Leiria uma exposição de pintura, em que mostram a sua faceta artística, dando corpo a uma colectiva com o título "O Polícia e a Arte", integrada nas comemorações do 132º aniversário da PSP de Leiria.
O trabalho, feito 'à paisana' por quatro pintores, ajuda a desfazer o estereótipo do polícia, uma imagem de pessoa rígida pouco associada às artes, e que agora dá mostras de sensibilidade sobre tela.
Os artistas são Saúl Torcato*, Maria de Fátima Quinto, Nuno Henriques e Rui Santos, autores de um conjunto de 20 obras, em que são usadas técnicas diferentes, desde a pintura a óleo ao recurso a técnicas informáticas, e abordagens que vão do simples decorativo à exploração das questões existenciais.
Saúl Torcato, que apresenta um conjunto de telas a óleo, confessa sentir uma enorme paixão pela pintura, não espantando, portanto, que exiba um quadro em que trabalhou durante três anos, e em que dá cor a um poema da sua autoria, digamos, um “estado de alma”, aquilo que, afinal, constitui uma das suas fontes de inspiração.
"Quando estou a ler, nomeadamente poesia, começam a surgir cores e ideias e tento passá-las para a tela", explica, acrescentando que o seu percurso na pintura tem sido "muito paralelo" ao na polícia, onde está desde 1989, embora reconheça que a sua veia artística é inata, já veio consigo de França, e tem sido uma boa receita para o ajudar a aliviar a tensão.
Do quarteto, é o pintor com maior currículo, tendo já participado em várias exposições colectivas e uma individual.
Nuno Henriques, outro autor, melhor dito, outro polícia - ou não tivessem todos aparecido fardados a rigor na exposição - , explora mais a vertente decorativa, recorrendo a materiais imaginativos, como sejam grãos de café ou mesmo areia.
A fuga ao 'stress' profissional é também uma motivação para dedicar algum do seu tempo livre à pintura, uma actividade que surgiu "por brincadeira" e a que se dedica há dois anos.
A água e as cidades são duas constantes nas telas de Maria de Fátima Quinto, agente da PSP que entrou no mundo das artes já lá vão mais de 20 anos, primeiro com um curso de artes decorativas, depois com a pintura, dando expressão a "uma espécie de dom". As suas telas exibem temáticas em que faz uma mistura de 'naif', imaginativo e criativo, num trabalho onde explora a sua sensibilidade, que, realça, é também uma característica do agente, que contacta com muitas questões sociais e tem de ter também capacidade para dar umas pinceladas de cor na vida de algumas pessoas, ajudando a resolver problemas.
"Se não tivesse optado pela polícia tinha de montar um ateliê para me dedicar às artes", confessa, afirmando-se realizada com o seu trabalho na PSP. "Em cada actividade uma pessoa aprende e obtém experiências interessantes", diz.
Rui Santos, vindo das Caldas da Rainha, participa com apenas dois trabalhos, mas, eventualmente, é aquele que mais responde às questões existenciais, o que se pode depreender pelos títulos dados às duas obras - 'O Bobo' e 'O Jogo da Vida' - em que aborda temas como a industrialização e o fim trágico que ela parece representar para a humanidade, ou os malefícios do tabaco nos fetos humanos. Um trabalho em que dá cor ao "futuro pouco brilhante" que parece reservado à humanidade.
Na sua arte, que classifica apenas como 'hobby' recorre muito ao computador, mas pretende, no futuro, introduzir o óleo.

A outra face

Para o comandante da PSP, intendente Flávio Alves, pretende-se passar uma "imagem diferente" dos polícias. "Quando vemos uma profissão, definimo-la segundo determinadas características. Se dissermos a alguém que vai desempenhar o papel de polícia ele irá buscar determinadas características à sua memória para representar esse papel. Ninguém se lembraria que o polícia também pinta, é artista", considera, realçando o propósito de mostrar a "outra face dos polícias".
Isto porque, defende, "o polícia não é um elemento exterior à sociedade, mas antes uma pessoa nela integrada. Não somos diferentes, temos uma profissão diferente", diz, realçando o papel que os agentes desempenham para "zelar pela segurança e ordem pública, sempre na estrita observância dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos".
No próximo ano a iniciativa poderá ser repetida, de preferência com mais obras e autores. Este ano, a mostra estará patente até 30 de Maio.
In "Diário de Leiria" de 24/5/2006
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Nota do autor do Blogue:
*(Na foto, o 1º da esquerda para a direita. Um dos membros fundadores da AIALL-Associação Internacional de Artes e Letras de Leiria)
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Siga o link para saber mais sobre a AIALL

1 comment:

JPancho said...

Olá a todos, sou vosso colega em Cascais e eu também dedico-me à pintura ( aguarela e óleo ) nos meus tempos livres, como podem verificar ao visitarem o meu blog http://pinturadejoaquimpancho.blogspot.com
Fico contente por saber que há colegas que se interessam pelas belas artes tanto quanto eu.
Fiquem bem e um grande abraça.